Matéria publicada originalmente na Veja por Daniela Macedo.
O primeiro passo para o profissional que cogita uma negociação salarial é a autoavaliação de desempenho. Constatado o mérito, é hora de pensar na abordagem. Veja sete erros cometidos por quem pede aumento de salário e dicas de como reduzir a chance de ouvir um ‘não’ do chefe.
Alegar problemas financeiros Não diga que precisa de um aumento porque acabou de comprar um apartamento, ter um filho ou para saldar dívidas. A relação entre empresa e funcionário é estritamente profissional, ou seja, a remuneração não está associada às necessidades financeiras do empregado. O que fazer: apresente argumentos relacionados ao trabalho, como resultados positivos e cumprimento de metas e de prazos. Por isso, a autoavaliação é crucial no processo.
Comparar seu salário ao do colega
A alegação de que merece um aumento porque ganha menos que o colega é ineficiente e, de quebra, ainda pode prejudicá-lo. “Mesmo dois profissionais com posições equivalentes dentro da empresa são diferentes: um pode ter qualidades que o outro não tem”, diz Joyce Baena, diretora da La Gracia. O que fazer: pesquise no mercado de trabalho se o aumento que você pleiteia está de acordo com os valores praticados por outras empresas. A informação não será o argumento principal da conversa, mas servirá como base para uma negociação realista.
Pedir aumento quando o chefe está de mau humor
Em tese, problemas pessoais não deveriam interferir na rotina profissional, mas um um filho doente, a derrota do time de futebol ou um pneu furado podem pesar na decisão do chefe quando um funcionário pede aumento ou promoção. O que fazer: escolha um momento em que o chefe pareça tranquilo ou bem humorado, mesmo que você esteja seguro de que merece o aumento.
Inventar uma proposta externa
Blefar na esperança de ouvir uma contraproposta é um erro grave. O funcionário que inventa uma oferta de trabalho para negociar o salário corre o risco de ouvir um “boa sorte no seu novo emprego”. O que fazer: em primeiro lugar, jamais mentir. E mais: participar de processos seletivos com o intuito de pressionar a empresa para obter um salário maior pode até funcionar a curto prazo, mas o leilão pode prejudicar a reputação (e a carreira) do candidato na companhia preterida.
Ignorar dificuldades financeiras da empresa
O empregador está enfrentando dificuldades financeiras? As chances de conseguir o aumento caem consideravelmente, em especial se o momento for de corte de custos. O que fazer: em vez de pedir um aumento salarial, pergunte sobre caminhos alternativos para engordar a remuneração, como trabalhos extras para outros departamentos da empresa ou a possibilidade de assumir novas tarefas e responsabilidades.
Ser ansioso
O pedido de aumento é uma conversa complicada. O profissional que aborda o assunto com o chefe nos corredores, durante o almoço ou, pior, por e-mail perde oportunidade de negociação e, assim, reduz as chances de incrementar o contracheque. O que fazer: trate o assunto com a formalidade necessária, ou seja, agende uma reunião com o chefe para discutir o aumento.
Dar um ultimato
Acuar o chefe é uma das principais armadilhas durante uma conversa desse tipo. “Pedir aumento não demite ninguém, mas a forma como o pedido é feito pode prejudicar o funcionário”, diz Fernando Mantovani, da Robert Half. Portanto, a não ser que a demissão seja realmente o plano, não ameace deixar a empresa caso não receba o aumento quando e como solicitado. O que fazer: tenha um valor em mente, mas dê abertura para negociação, tanto de valores como de prazos.
Fontes: as empresas Robert Half, de recrutamento e seleção, e La Gracia, especializada em comunicação corporativa