
Nesse ponto, o conflito é a parte mais importante de uma história, porque é onde se apresenta o problema que terá que ser solucionado até final do enredo. Essa fase se torna clara, a partir da interação de Joy com Heron, que late tentando impedir o roubo.
O pescador, que está de costas e totalmente alienado da situação e da interação dos dois animais, apenas se vira para repreender Joy, por conta do barulho dos latidos.
Joy fica extremamente frustrado, não só por não conseguir impedir o roubo, mas também por não ser compreendido por seu dono.
O conflito chega ao seu ápice, quando em mais uma das tentativas de roubo de Heron, Joy protege a isca com unhas e dentes (literalmente), a arrancando do bico da garça e chamando a atenção do pescador, que logo pega seu remo para espantá-la.
Heron é obrigada a retornar para seu ninho de mãos abanando (ou no caso, asas). Joy, com um ar de satisfação, observa o voo da garça de volta para o seu ninho.
É aí que temos um ponto de virada na história e no sentimento de Joy, pois agora podemos enxergar Heron em seu próprio cenário e contexto.
Heron é MÃE de três filhotes famintos que estavam aguardando ansiosamente por aquelas minhocas.
Ao ver aqueles peixes, o pescador parabeniza o seu cachorrinho, que se sentiu validado por seu dono, que era justamente por quem Joy estava tentando proteger as iscas.
Enfim, ele é um bom garoto, não é mesmo?
Interessante como uma lição de escuta e compreensão nos é ensinada em um filme sem palavras, com a interação entre dois animais.
Analisando bem, o único personagem que possui o poder de fala, é também o único alheio aos contextos apresentados na história.
Talvez, ficamos com a lição de que a empatia vem muito mais da escuta do que da fala.
Outro toque interessante do filme, é o período em que se passa, no comecinho da manhã, quando ainda está escuro.
Ao longo do entendimento do contexto em que a garça está inserida, vemos o dia clareando, fazendo um paralelo com o clareamento das ideias e percepções do cachorrinho, até o filme finalizar com a cena do nascer do sol.
Por fim, é através da compreensão mútua que a batalha de perspectivas se transforma na união de dois lados distintos, para que se realizem ações a fim de beneficiar ambas as partes.